Cirurgia Citorredutora e Quimioterapia Intraperitoneal Hipertermica | CRS + HIPEC

Peritonectomia (CRS) + HIPEC

A cirurgia citorredutora associada a quimioterapia intraperitoneal hipertérmica, popularmente conhecida como peritonectomia, é uma forma de tratamento cirúrgico de algumas neoplasias que acometem o peritôneo. Estas neoplasia podem ser primárias do peritôneo (mesoteliomas) ou secundárias ( carcinomatose peritoneal e pseudomixoma).

Imagem Citorredução e HIPEC

Atualmente esta modalidade representa o tratamento padrão para o carcinoma do apêndice cecal de baixo grau, pseudomixoma e os mesoteliomas peritoneais, mas tem se mostrado um tratamento promissor no tratamento de diversas neoplasia secundárias a diversos outros tipos de câncer, principalmente de cólon, estômago e ovário.

Infelizmente este procedimento ainda não foi incluído no rol de procedimentos da ANS e nem nas portarias dos procedimentos padronizados para o SUS. Sendo assim, a realização de cada procedimento ainda é discutida individualmente caso a caso. No entanto, em março de 2017 o Conselho Federal de Medicina emitiu parecer regularizando algumas indicações. ( leia o parecer)

Comentário publicado no site Onconews em 10 de agosto de 2016 Por Felipe Coimbra, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO)

A cirurgia citorredutora e a quimioterapia intraperitoneal hipertérmica têm mostrado resultados promissores em diversos tipos de carcinomatose peritoneal ao longo dos últimos anos. Hoje é considerado tratamento efetivo para casos selecionados, sendo o único método capaz de oferecer sobrevida de longo prazo em pacientes antes considerados exclusivamente para tratamento paliativo. Trata-se da combinação de técnica de cirurgia oncológica de alta complexidade, muitas vezes com ressecções multi-viscerais e a aplicação de dose elevada de droga quimioterápica associada à hipertermia diretamente no peritônio, que potencializa o efeito citotóxico da droga utilizada. Portanto, a técnica cirúrgica adequada, a estrutura hospitalar e o alto nível de especialização da equipe em cirurgia oncológica são fundamentais para diminuir as taxas de morbi-mortalidade neste procedimento. Muito tem se avançado na melhoria dos cuidados peri-operatórios e no conhecimento oncológico das diversas indicações hoje realizadas. Entretanto, menor é o conhecimento em relação a utilização desta terapia em pacientes idosos, tópico discutido neste estudo que apresenta a experiência de uma única instituição americana na utilização de CRS e HIPEC, principalmente em tumores de apêndice e colorretais. Os autores demonstram que nos pacientes elegíveis não se observou diferença significativa de complicações e mortalidade, sugerindo que a idade isoladamente não é fator que excludente para a realização do procedimento em pacientes acima de 65 anos. No Brasil, este procedimento foi implantado inicialmente no Hospital AC Camargo pelo Cirurgião Oncológico Ademar Lopes e sua equipe, e hoje é utilizado seletivamente na terapia de diversos tumores além dos já citados anteriormente, como por exemplo: estômago, ovário, primários de peritônio, dentre outros. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) recentemente realizou o primeiro Consenso Brasileiro de Carcinomatose Peritoneal que irá servir como base para a formação das diretrizes mínimas para o tratamento no Brasil.

O Dr. Artur Reis tem treinamento e se especializou neste tipo de tratamento nos melhores hospitais de São Paulo. Teve a oportunidade de realizar a primeira citorredução seguida de HIPEC no Vale do Paraíba em 2015, com resultado excelente. Tem procurado sempre novas técnicas e procura se atualizar continuamente visando oferecer o melhor tratamento aos seus pacientes.

Quando será indicado este Tratamento?

A carcinomatose peritoneal é tratada, habitualmente, com quimioterapia por via venosa, mas em alguns casos selecionados, a resseccão de todos os implantes visíveis pode beneficiar o paciente.

Nos casos de implantes peritoneais de tumor mucinoso de apêndice ou ovário (Pseudomyxoma peritonei) e mesotelioma, a melhor forma de tratamento é a cirurgia citorredutora que consiste na retirada de tudo aquilo que é visível e na lavagem da cavidade abdominal por uma hora e trinta minutos com uma solução contendo quimioterápicos aquecida até 42ºC. Essa modalidade de tratamento também pode ser usada para carcinoma primário do peritônio, câncer no ovário e intestino grosso, na maioria das vezes, após quimioterapia venosa.

Como é a indicação do procedimento?

Como a maioria dos paciente com indicação de citorredução já tem o diagnóstico e a maioria deles já realizou algum tipo de procedimento, a indicacão geralmente é feita pelo médico oncologista.

Como é o feito o tratamento?

Este método de tratamento se baseia na tríade de citorredução ( remoção de todos os focos visíveis), calor e quimioterapia locorregional (realizada em uma solução dentro do abdome no intra-operatório), na qual a hipertermia agrega o efeito citotóxico (morte celular) direto do calor sobre as células neoplásicas, além de atuar em sinergismo com os agentes quimioterápicos, potencializando seu efeito antineoplásico. Ainda o método seria capaz de promover a redução dos mecanismos de resistência tumoral à quimioterapia e induz uma eficaz resposta imunológica antineoplásica. Em conjunto, estes argumentos têm justificado a utilização de citorreducão completa associada a HIPEC como promissor tratamento oncológico das metástases peritoneais, permitindo o uso de altas doses de agentes antineoplásicos diretamente sobre os remanescentes tumorais micorscópicos às custas de mínima absorção sistêmica.

Quais são os riscos?

Como trata-se de um procedimento complexo, que envolve resseccão multivisceral (resseccão de multiplos orgãos), quimioterapia e longo tempo operatório, os riscos são elevados.

A morbidade (risco de apresentar qualquer tipo de complicação) é de 0 a 42% e a mortalidade operatória é de 0 a 12%.

As principais complicações são:

  • Infeccão de sitio cirurgico;
  • Sangramentos;
  • Fistulas de anastomoses (vazamentos de costuras intestinais);
  • Gastroparesia;
  • Paralisia diafragmática;
  • Trombose;
  • Reoperações;
  • Eviscerações/ eventrações;
  • Entre outros.